Suzana Pires fala sobre o processo de composição da sensual Janaína de “Araguaia”

Quando foi convidada para integrar o elenco de “Araguaia”, Suzana Pires não tinha ideia de qual personagem interpretaria. Mesmo assim, a atriz ficou empolgada com a oportunidade. Isso porque trabalhar em um projeto dirigido por Marcos Schetchman já era um desejo antigo. “Nunca havia trabalhado com ele, mas sempre o admirei. Quando recebi o convite, disse ‘faço a árvore, o jacaré do Araguaia, o que você quiser’”, lembra, aos risos. Mas encontrar o tom da personagem não foi tão simples. Na pele da sensual viúva Janaína, ela teve de passar por um longo processo de preparação. Desde conversas com o diretor, passando por encontros semanais com a preparadora de elenco Paloma Riani, até observar o modo de vida das pessoas da região do Araguaia, onde se passa a história. “Esse é a fase que mais gosto. Pego a voz, o corpo, o ritmo da fala. Mas para tudo isso acontecer tem de ter paciência para o personagem vir”, destaca.

Suzana começou sua carreira na televisão há 15 anos, mas só agora está ganhando destaque na televisão. Depois que estreou na novela “Tocaia Grande”, da extinta TV Manchete, a atriz, que ficou conhecida como a Ivonete de “Caras & Bocas”, decidiu dar um tempo de novelas e se dedicar ao teatro para se sentir mais preparada para a profissão. “Acho muita responsabilidade fazer TV. O público é gigantesco. Tem de ter muito cuidado para dominar o ritmo”, explica.

Em “Caras & Bocas”, a Ivonete tinha um humor mais escrachado. A Janaína, também tem comicidade, mas é mais sutil. O que é mais complexo?

Os dois tipos são bem trabalhosos. Mas, no caso do texto do Walther Negrão, exige um estudo mais detalhado de cada cena, porque não é o humor rasgado, é mais pontuado. Mas não diria que a Janaína é mais trabalhosa que a Ivonete. A comédia, às vezes, dá a impressão que é só chegar e fazer. E não é. Entre um trabalho e outro fiz a série “Força-Tarefa”. Isso foi bom para mudar, porque foi mais dramático e tinha uma linguagem diferente e violenta.

Como você se preparou para dar vida à personagem em “Araguaia”?

Tive várias fases de preparação. A primeira foi com a sinopse, escutando o Marcos Schetchman e o que ele queria da Janaína. Depois estudei um pouco essa sensualidade que a personagem tem. Vi filmes com a Sônia Braga, que é o maior símbolo dessa beleza. Fui para o Araguaia e lá lavei roupa à beira do rio, entendi como funciona a correnteza, conheci uma moça viúva e a personagem veio.

Você estreou em novelas em 1996 em “Tocaia Grande”, mas só agora está voltando à teledramaturgia. Você quis se dedicar mais ao teatro?

Depois que essa novela terminou, viajei para a Europa. Quando voltei, senti que ainda não tinha instrumental. Fui mergulhar no teatro, fazer faculdade de Filosofia, experimentar. Precisava me preparar artisticamente para ter uma carreira, e o teatro foi me propiciando essa preparação.

O que mais lhe atrai na televisão?

O ritmo. Às vezes, tem 30 cenas para gravar em um dia. É disso que gosto na televisão. Tem muito a ver com o meu jeito. Eu não paro! Sou muito para ontem. Estou trabalhando como atriz, escrevo um programa e ainda faço teatro.

Uol Televisão

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